Cientista, pesquisador ou artista plástico. Para Adriano Xavier, 31 anos, que nasceu em Inhambupe, interior da Bahia, o título pouco importa. Isso porque, em todas as especificações, prevalece o caráter autodidata. Adriano desenvolveu, a partir das próprias teorias, invenções e princípios, uma receita para um novo tipo de sorvete, à base de algaroba, sem açúcar comercial e sem nenhuma lactose.

O baiano, que afirma querer deixar sua marca no mundo assim como os ídolos, Nicole Tesla, Albert Einstein e Santos Dumont, ressalta diversos benefícios para a saúde que vêm junto ao alimento. “Sem conservantes, nem aditivos químicos, o sorvete também não conta com nenhuma substância cancerígena, nem mesmo glúten”, destaca.


O que impressiona pela falta de ingredientes presentes em doces mais comuns, pode gerar suspeita por parte do consumidor quanto ao sabor do produto, algo que o inventor faz questão de tranquilizar. “Esse sorvete pode ser consumido por pessoas que tem problemas de saúde, como intolerância à lactose, por ser um alimento medicinal, nutricional, natural, orgânico, multifuncional, bioativo, vitamínico e 100% vegetal. A maioria das pessoas se surpreende pelo sabor ao descobrir que um doce pode ser nutritivo e saudável ao mesmo tempo. Em junho de 2018, em uma mostra sensorial na Feira de Gastronomia de Paris, na França, tive a oportunidade de expor o produto em um estande que foi muito bem recepcionado pelo público”, declara Adriano, que já criou 14 alimentos, dentre os quais estão sete doces pastosos e cremosos.

De acordo com Adriano, o sorvete possui alto valor nutritivo e sensorial, principalmente por ser um alimento misto rico em vitaminas A, B e C, proteínas, minerais, cálcio, ômega 3, ferro, potássio, dentre outros. Ele explica que devido ao fato da receita incluir ingredientes medicinais, como o Quipá, espécie de cacto nativo da caatinga, o consumo do produto aumenta a capacidade respiratória, previne e controla a diabete, protege o coração, por evitar a absorção de colesterol no intestino e formação de placas de gorduras nas artérias, regula a pressão arterial, auxilia na perda de peso, pois possui fibras e proteínas. E essa é apenas uma parte das funções atribuídas ao doce.


“Recentemente, fui aprovado no edital Centelha da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia [Fapesb], que vai apoiar financeiramente, 27 ideias inovadoras ao redor do estado. Além disso, desde 2019, já recebo pedidos de exportação de países como Alemanha, Argentina, República Tcheca, Espanha, Portugal, Suíça e Moçambique”, afirma.


O sucesso alcançado reflete uma trajetória de superação, repleta de adversidades. “Ao sobrepujar as dificuldades que vivencio desde criança, busco deixar minha marca e ser exemplo mundial de superação de vida”, relata, acrescentado que o filme “A Procura da Felicidade” e as passagens bíblicas de David e Moisés são suas maiores fontes de inspiração para as invenções científicas e artísticas.


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Além do reconhecimento da qualidade do produto, um dos objetivos do projeto é valorizar a riqueza do território Nordestino, ao popularizar o quipá, que sofre com o risco de extinção. “Acho uma boa alternativa mostrar essa planta para especialistas, a fim de valorizá-la, da mesma forma que ultimamente o umbu vêm sendo evidenciado pelos governos dos estados nordestinos”.


Para a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Adélia Pinheiro, programas como o Centelha Bahia existem para apoiar ideias inovadoras como esta. “Com o nosso investimento robusto, conseguimos alcançar micro e pequenas empresas que precisavam de uma oportunidade, isso é política pública à serviço da sociedade”, completa Adélia, lembrando que, em breve, o Centelha II estará disponível para apoiar novos projetos em toda a Bahia.


Apesar da falta de recursos financeiros, junto a inúmeras dificuldades ao longo da vida, Adriano se diz esperançoso para o futuro. “Precisei abandonar meu curso de graduação, por causa das opressões constantes de alguns professores e estudantes, por eu sempre estar trabalhando nas minhas criações e invenções fora do meio acadêmico e pelo desejo de levar alternativas para dentro de sala de aula. Por isso, eu fiz todos os meus projetos fora da universidade, mas o meu triunfo já teve início. O sorvete está na fase de certificação, aprovação e liberação pela Anvisa, para que possa ser comercializado no Brasil e muito em breve, quando o produto estiver sendo amplamente vendido, a população terá um sorvete produzido sem nenhum dos ingredientes tradicionais, composto por diversas substâncias nutritivas e recheado com uma jornada de conquista e superação”, finaliza. Informações, fapesb e Informe Baiano / Imagem reprodução/Internet / Foto divulgação 


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