A chanceler alemã,
Angela Merkel, disse nesta quarta-feira (26) que deseja conversar com o
presidente brasileiro Jair Bolsonaro sobre o desmatamento no Brasil. Merkel
participou de uma sessão no Parlamento alemão às vésperas da cúpula que começa
na sexta-feira em Osaka (Japão).
"Assim como vocês, vejo com grande
preocupação a questão das ações do presidente brasileiro (em relação ao
desmatamento) e, se ela se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G20 para
ter uma discussão clara com ele", afirmou a chanceler.
Apesar da preocupação
quanto ao desmatamento, a premiê sinalizou que não pretende bloquear um
possível desfecho do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul por causa
de Bolsonaro. Isso porque ONGs cobram "medidas rigorosas" contra o
desmatamento e "compromissos" em favor do Acordo de Paris sobre o
Clima como condições para parcerias comerciais.
Durante a sessão no Parlamento, Merkel
foi questionada pela deputada do Partido Verde Anja Hajduk sobre se o governo
alemão deveria seguir investindo nas negociações de livre-comércio entre União
Europeia e Mercosul mesmo com as denúncias de ambientalistas e defensores dos
direitos humanos em relação às práticas estimuladas pelo governo Bolsonaro.
"Eu vou fazer
o que for possível, dentro das minhas forças, para que o que acontece no Brasil
não aconteça mais, sem superestimar as possibilidades que tenho. Mas não buscar
o acordo de livre-comércio, certamente, não é a resposta para essa questão”,
concluiu Merkel.
Acordo comercial questionado
Entidades e
organizações internacionais apontam que a expansão das atividades agrícolas no
Brasil, fortemente apoiada pelo governo do presidente Bolsonaro, ocorre às
custas do desmatamento em massa e causa cada vez mais conflitos com as
comunidades tradicionais.
Essa situação levou
340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e Amigos da Terra,
a questionarem o acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul (Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai).
A conclusão do
acordo é "iminente", segundo os presidentes do Brasil e da Argentina,
após 20 anos de negociações. O acordo também é criticado por agricultores
europeus, que temem uma inundação de produtos sul-americanos com a abolição de
certos direitos aduaneiros. G1 / Angela Merkel — Foto: Denis Charlet / AFP /Arquivo