A Suprema Corte da Índia descriminalizou nesta quinta-feira o adultério, ao declarar que a lei do período colonial era discriminatória para as mulheres. O tribunal considerou que a lei privava as mulheres de sua dignidade e de sua liberdade individual, e as tratava como se fossem propriedade dos maridos.

Um artigo da lei, feita há 158 anos, permitia até agora a condenação a até cinco anos de prisão de qualquer homem que tivesse relações sexuais com uma mulher casada sem o consentimento de seu marido.

Em 1954, a Corte Suprema manteve a penalização do adultério por considerar naquela época "que se aceita de forma comum que o homem é quem seduz e não a mulher". Mas, na decisão, os juízes afirmaram que o adultério ainda é um motivo legítimo de divórcio.
— Considerar o adultério de um ponto de vista criminal é uma medida retrógrada — afirmou o painel de cinco juízes da Corte Suprema, em uma decisão unânime.

De acordo com a lei derrubada nesta quinta-feira, as mulheres não eram autorizadas a apresentar nenhuma ação por adultério, nem poderiam ser julgadas responsáveis por adultério, o que deixava a questão como um caso sempre relacionado aos homens.
Em agosto, o empresário Joseph Shine, de 41 anos, que morava na Itália, solicitou à Suprema Corte que derrubasse a lei por considerá-la discriminatória.

"As mulheres casadas não são um caso especial para fins de acusação por adultério. Elas não são colocadas de forma diferente em relação aos homens de nenhuma forma", disse sua petição, acrescentando que a lei também "discrimina indiretamente as mulheres, presumindo erroneamente que as mulheres são propriedade dos homens".


Essa é a segunda lei da era colonial derrubada pela Suprema Corte da Índia neste mês.  A homossexualidade foi descriminada no último dia 6, mas a luta da comunidade LGBT pela igualdade ainda enfrenta um longo caminho, pois muitos indianos, especialmente nas áreas rurais onde 70% da população reside, veem a homossexualidade como uma doença mental.|oglobo / Foto Anindito Mukherjee/Reuters

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