O ministro da
Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy (PSDB): a cúpula do PMDB agora pede a
substituição do baiano

Até então, era
apenas o Centrão - grupo formado por partidos médios, como PP, PR e PSD - que
insistia em pedir a cabeça do ministro da Secretaria de Governo, Antônio
Imbassahy, filiado ao PSDB. Mas, após o aumento do racha entre os tucanos - revelado
pelo número maior de deputados contrários a Temer -, o PMDB passou a cobrar a
antecipação da reforma ministerial. Temer gosta de Imbassahy e resiste a
atender ao pedido dos correligionários. A ideia do presidente é fazer trocas na
equipe somente em 2018, até abril, quando quem for disputar as eleições tiver
de deixar o cargo. Dos 28 ministros, ao menos 12 serão candidatos e deverão
abandonar o posto para concorrer.
Prestes
a ser rebatizado com o nome de MDB e a adotar um perfil de centro direita na campanha,
o dividido PMDB vai reembalar sua imagem, na tentativa de amenizar o desgaste
sofrido com a Lava Jato. Com esse plano, a cúpula do partido quer voltar a ter
um peemedebista na coordenação política do governo, para fazer a ponte entre
Planalto e Congresso. Antes de Imbassahy, quem ocupava essa cadeira era Geddel
Vieira Lima, hoje preso.
A avaliação é
de que Padilha será fundamental para ajudar a recompor a base e articular
alianças para 2018. Denunciado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot,
o chefe da Casa Civil escapou da acusação de organização criminosa junto com
Temer e com Moreira Franco (Secretaria-Geral).
Em conversas
reservadas, porém, o presidente tem dito que mexer na Esplanada, neste momento,
mais atrapalha do que ajuda. Temer convidou líderes de partidos aliados para
uma reunião, amanhã à noite, com o objetivo de tratar da chamada "agenda
positiva". Na terça-feira, ele vai se encontrar com ministros da área
social. Sob o mote "Agora é
Avançar", o governo procura medidas de impacto
para mostrar resultados.
Em mais um
gesto para se reaproximar do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o
Executivo dá sinais de apoio a projetos com apelo popular, como os dos planos
de saúde e da segurança pública.
Boca fechada
Temer depende de Maia para aprovar propostas de ajuste fiscal na Câmara. Foi
por isso que ficou irritado com declarações do ministro da Justiça, Torquato
Jardim. Em café com jornalistas, Torquato acusou políticos e comandantes da
Polícia Militar do Rio de se associarem ao crime organizado.
Na avaliação
do Planalto, o ministro "vazou" informações estratégicas e criou um
problema com Maia e com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. O presidente
pediu a Torquato que, de agora em diante, se mantenha em silêncio sobre o assunto.
Outro foco de
crise foi deflagrado pela ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois
(PSDB), que solicitou ao governo para acumular o salário de ministra com o de
desembargadora aposentada, a fim de garantir vencimento mensal de R$ 61,4 mil
brutos, como revelou a Coluna do Estadão. Para "furar" o teto
constitucional - hoje em R$ 33,7 mil -, Luislinda disse que sua situação,
"sem sombra de dúvida", se assemelhava ao "trabalho
escravo". Após repercussão negativa, ela recuou.
Na
quinta-feira, a ministra tentou justificar o pedido a Temer. A portas fechadas,
o presidente disse ter ficado "perplexo". Ele também recebe
aposentadoria como procurador do Estado de São Paulo e tem desconto no salário.
'Chacoalhada'
Nos bastidores, aliados argumentam que Temer deve aproveitar a turbulência para
dar uma "chacoalhada" no primeiro escalão. Ameaçam, ainda, não votar
as medidas de ajuste se o presidente não fizer uma reforma ministerial,
desalojando principalmente o PSDB. O objeto da cobiça do Centrão, além da Secretaria
de Governo, é o Ministério das Cidades, que possui orçamento mais vistoso e
está sob comando do tucano Bruno Araújo.
"O
governo não tem apoio para aprovar a reforma da Previdência", afirmou o
deputado Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara, referindo-se aos 308 votos
necessários para avalizar a proposta de emenda à Constituição. "Se o
presidente não tirar os tucanos nem fizer uma rearrumação no time, terá
problemas".
Para o líder
do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), a base precisa se unir em
torno de uma agenda de estabilidade e desenvolvimento. "Mas não dá para
estar no governo criticando o governo. Ninguém é meio governo, meio
oposição". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. correio*