Reunidos em um dos mais luxuosos resorts do litoral norte baiano, prefeitos ligados à União dos Municípios da Bahia (UPB) elaboraram uma “Carta dos Prefeitos” entregue ao governador Rui Costa (PT) durante a abertura do 4º Encontro de Prefeitos, evento que teve início anteontem e vai até domingo (20), no Vila Galé Maris, em Guarajuba.

No documento, a UPB, organizadora do encontro no empreendimento cinco estrelas, se coloca a favor da recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas compartilhada entre Estado e Municípios, com a alíquota de 0,38%, sendo 0,20% para a União, 0,09% para Estados e 0,09% para os municípios.

“Decidimos em assembleia que vamos apoiar, mas antes disso precisamos de uma reunião com Rui e todos os prefeitos, para que a gente determine as competências”, afirmou a presidente da UPB e prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria.

Segundo a gestora, a intenção é dar “apoio irrestrito” para que o governador Rui Costa articule a divisão do novo imposto, considerado um paliativo para a crise de caixa enfrentada pelos municípios que, segundo Quitéria, “a maioria das prefeituras está em situação de falência, com dificuldades até mesmo para pagar a folha”.

Entretanto, não são todos os prefeitos baianos que estão favoráveis à criação de mais um imposto que elevará ainda mais a já alta carga tributária no país. A criação de uma CPMF vinculada à Previdência Social, batizada de CPMF Previ foi proposta pelo governo da presidente Dilma Rousseff (PT) dentro do pacote do corte de gastos e da reforma administrativa.
Entre os gestores municipais baianos está o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que não participou do evento da UPB. Esta semana, o gestor soteropolitano lançou uma campanha de mobilização contra a recriação do imposto.

 “Faço questão de novamente participar de uma grande mobilização nacional contra a ressuscitação desse fantasma que, por vontade do PT, insiste em nos assombrar. A solução para a crise não é criação de novo imposto, e sim gestão séria, técnica e ética, sem corrupção”, disse, ao lembrar que em 2011, quando ainda era deputado federal, o político baiano liderou um movimento nacional na Câmara dos Deputados pela derrubada da CPMF.

Segundo ACM Neto, a derrubada da cobrança do imposto do cheque “foi uma das grandes vitórias e alegrias” que teve como parlamentar. Na semana passada, o democrata disse que era “peremptoriamente” contra, mesmo que entre os apoiadores estejam prefeitos de outras cidades. A posição do prefeito da capital baiana foi criticada pelo governo Rui Costa, que defendeu um diálogo para a construção de um pacto entre estados, municípios e o Congresso, já que uma proposta foi colocada na mesa pelo governo federal.

O líder baiano acusou o prefeito de ser “incoerente”. “Acho uma incoerência quando ele aumentou o IPTU em 1.000%. Eu não conheço na história de Salvador um prefeito que tenha aumentado tanto o IPTU quanto ele aumentou. Para ele, talvez seja fácil. Ele mesmo disse que fez caixa durante dois anos”, disse Rui Costa.

Por meio de sua assessoria, o prefeito rebateu e disse que “incoerente” seria o governador, ao defender um imposto que penaliza a maioria do povo pobre brasileiro, quando terá o imposto repassado para produtos da cesta básica.


“Eu sempre fui coerente e contra a CPMF, ao contrário do partido do governador, o PT, que quer criar mais um novo imposto para tapar o rombo orçamentário de R$ 40 bilhões que eles mesmo provocaram para ganhar as eleições de 2014”, rebateu ACM Neto. |tribunadabahia

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