O primeiro dia da IV Caravana Cultural da SecultBA Sertão Baiano começou cercado de literatura e arte, com uma visita à singular Biblioteca de São José do Paiaiá no pequeno Povoado de Paiaiá, município de Nova Soure. O território de identidade Semiárido Nordeste II, onde o povoado fica situado, guarda “a maior biblioteca rural do mundo”. Criada pelo historiador Geraldo Prado ou Alagoinha, como é conhecido, o acervo conta com mais de 110 mil livros, de gibis à livros raros. Além disso, o espaço funciona também como Centro Cultural, oferecendo cursos de capacitação, disponibilizando computadores para pesquisa em Internet, projeção de filmes e debates, entre outras ações voltadas para a comunidade. “O mais interessante é a grande frequência de crianças na biblioteca. Aqui é diferente da escola, pois aqui a leitura não é imposta, a criança lê o que quer ler”, conta Alagoinha.

De Nova Soure, a Caravana seguiu para no município de Cipó, lá sendo recepcionada pela banda São Gerônimo, uma banda de pífano ou “banda de caixa e gaita” que há mais de 25 anos mantém viva a tradição da música folclórica nordestina na região. Logo a Caravana chegou na Comunidade Quilombola de Caboge, vizinha às Comunidades Quilombolas de Várzea Grande e Rua do Jorro. A cultura negra de Cipó ainda mantém tradições e costumes valiosos e, como seus antepassados, as famílias das comunidades quilombolas vivem de artesanato, pecuária e exploração da terra. “O nosso bem mais valioso é a nossa tradição, estamos lutando para preservar aquilo que ainda não perdemos”, conta Domingos Reis, nativo veterano da Rua do Jorro. Para fechar a visita, livros foram doados pela Fundação Pedro Calmon (FPC), pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) e pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), no intuito de iniciar um Ponto de Leitura na Comunidade Quilombola de Caboge. Já quase ao fim do dia, a SecultBA seguiu para a Mostra Cultural de Cipó, sediada no antigo Grande Hotel Caldas de Cipó. A história e cultura da cidade transparecem em suas manifestações artísticas, mostrando que a população valoriza e se orgulha de suas tradições. Entre os artistas locais que se apresentaram, o cantor Luisinho acompanhado pelo violão de Rafael Vilanovas; Zezé, cordelista e personagem importante na região; o poeta e cantor Carlos Silva, que fechou sua apresentação com "Assum Preto", de Luis Gonzaga e o sanfoneiro Enoke do Acordeon acompanhado da cantora Lidiane, que colocou toda a equipe da Secult para cantar junto os clássicos do forró nordestino. Para encerrar o primeiro dia da IV Caravana Cultural Sertão Baiano, a conversa entre o secretário de Cultura da Bahia Albino Rubim e a população local foi focada nas políticas de incentivo aos projetos culturais, como o Fundo de Cultura. “Antigamente, o próprio Estado utilizava grande parte do Fundo de Cultura para se autofinanciar e hoje ele é todo voltado para a atividade cultural”, coloca Albino Rubim. Também foi citado o progresso e a imparcialidade que o modelo de contemplação de editais propiciam hoje já que, historicamente, os projetos eram escolhidos através de amizades e indicações – hoje a distribuição de verba é democratizada com a seleção dos editais por grupos de diferentes setores e lugares, abrangendo uma contingente muito maior e mais justo. Outro ponto importante colocado é a parceria que vem acontecendo entre as Secretarias com projetos conjuntos, o que fomenta a transversalidade da cultura. "Queremos que o desenvolvimento da cultura respeite os direitos da cidadania, que reconheça a diversidade cultural, que supere preconceitos e que esta se constitua como a cultura da paz" são as orientações gerais e diretrizes seguidas pela Secult/BA, diz Albino Rubim.  Fotos: Rosilda Cruz/Bahiatursa

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