A implantação de tecnologias sociais para o armazenamento de água para produção, como cisternas calçadão e barreiros trincheira, em unidades de produção familiar de municípios do Semiárido Baiano, está transformando as condições de vida e de trabalho de agricultores e agricultoras familiares. A iniciativa tem possibilitado a conquista da soberania alimentar e nutricional e a geração de renda para essas famílias.
Esse é o
exemplo da família de José Carlos de Jesus e Sivonete Maria da Conceição de
Jesus, que vive na comunidade Igrejinha, município de Crisópolis, que foram
contemplados com a implantação de uma cisterna calçadão em sua propriedade,
pelo Governo do Estado.
José Carlos
comemora a possibilidade de permanecer em sua propriedade, produzindo
alimentos, conquistando autonomia e dependendo cada dia menos de buscar
trabalho fora, pois já consegue se alimentar melhor e vender parte da produção:
“Aqui o trabalho já está me segurando mais, porque estou vendo que aqui tem
mais resultado. Hoje, eu vejo que melhorou e está melhorando mais e tudo isso
depois da cisterna. Antes a gente fazia um canteirinho para a gente e quando um
vizinho pedia a gente dava. Agora, a gente dá e a gente vende”. Ele além de
fornecer hortaliças e raízes para o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos
(PAA), também oferta seus produtos nas casas da comunidade e na sede do
município e também em lojas de hortifruti.
A família de José Carlos e
Sivonete está entre as 40 famílias de Crisópolis contempladas pela instalação
das cisternas calçadão e barreiros trincheira, que passaram a contar com
assistência técnica e extensão rural (Ater). Por meio da Ater, as famílias
recebem orientações quanto à produção de alimentos para o autoconsumo e para a
comercialização da produção, em sua própria comunidade ou comunidades vizinhas
e também na feira livre do município, além de instrução para o uso racional da
água e conservação das tecnologias sociais implantadas.
A
agricultora Eleni Alves do Monte, que é da comunidade Saco da Pecuária, também
em Crisópolis, agradece ao Governo do Estado e ao Sindicato dos Trabalhadores
Rurais por terem possibilitado que a cisterna fosse instalada em sua
propriedade: “Antes de conseguir a cisterna, nós não tínhamos dinheiro para
comer. Hoje é diferente, nós temos! Tenho para mim e tenho para dar a quem não
tem e incentivo toda a minha família para trabalhar comigo, porque eu queria
mudar a vida deles”. Eleni já tem clientes certos nas comunidades vizinhas e
com a renda obtida com a produção, já conseguiu também adquirir TV, fogão e
muitas outras coisas: “Eu, mulher guerreira, trabalho com alimentos orgânicos e
tenho muito orgulho do meu trabalho”.
A ação é
executada por meio do Programa Água para Todos (PAT), da Companhia de
Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de
Desenvolvimento Rural (SDR). Em Crisópolis, o acompanhamento das famílias é
realizado pela equipe do Movimento de Organização Comunitária (MOC), a partir
de convênio com o PAT/CAR.
“Com a ação
podemos diagnosticar se houve mudança na vida familiar, a partir do acesso à
água para produção, no que diz respeito aos aspectos sociais, econômicos,
alimentar e nutricional”, explica Ana Luiza Marques, coordenadora do Programa
Água Todos na CAR. Ela observa que o acompanhamento técnico é realizado a
partir de contratos efetivados com três organizações da sociedade civil, dentre
elas, o MOC, que atenderá 4.584 famílias, em oito territórios do Semiárido, com
investimento total de R$715,8 mil.
O município
de Crisópolis foi contemplado, no período de 2016 a 2020, com a implantação de
30 barreiros trincheira e 48 cisternas calçadão, beneficiando 78 famílias.
Sobre as tecnologias sociais
de acesso à água
O barreiro
trincheira tem capacidade de armazenar a partir de 500 metros cúbicos de água.
Já a cisterna calçadão, que possui um calçadão construído com placas de
cimento, medindo 200 metros quadrados, onde a água da chuva cai e é escoada,
tem capacidade de armazenar 52 mil litros de água.
Informações, SDR/BA / Fotos: Equipe técnica do MOC