O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), criticou nesta segunda-feira, 10, o esquema montado pelo governo de Jair Bolsonaro para conquistar apoio no Congresso por meio de um orçamento secreto de R$ 3 bilhões, como revelou o Estadão. “O presidente acha que vai se blindar pelo orçamento. Nunca se viu na questão orçamentária o que está acontecendo hoje”, afirmou o senador.
O
caso não apenas será alvo de investigação no Ministério Público e no Tribunal
de Contas da União (TCU) como deputados já começaram a coletar assinaturas para
a criação da “CPI do Tratoraço”. É necessário o apoio de 171 parlamentares para
que o requerimento chegue ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).
O Estadão mostrou que Bolsonaro entregou para um grupo de deputados e senadores
o direito de impor onde seriam aplicados bilhões de reais, provenientes de uma
nova modalidade de emendas, chamada RP9.
Renan
disse que Bolsonaro dá “muita importância” à CPI, mas há uma “questão paralela”
a se verificar, que é a do orçamento secreto.
A
CPI da Covid terá novos depoimentos nesta semana que podem causar dor de cabeça
ao Palácio do Planalto. Nesta terça-feira, 11, os senadores vão ouvir o
presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra
Torres, e, na quarta, 12, o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência
Fabio Wajngarten.
O
depoimento de Wajngarten é aguardado com expectativa porque ele já demonstrou
ter uma artilharia pronta contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Em
entrevista à revista Veja, o ex-secretário afirmou que o general foi
responsável por atrasar a aquisição de vacinas da Pfizer.
“Fala-se
que o governo queria a imunização de rebanho, que as pessoas pegassem logo, por
isso teria estimulado aglomeração. Não queria vacina, queria cloroquina e o
tratamento precoce. O Fabio (Wajngarten) talvez tenha sido a pessoa que começou
efetivamente a conversar (no governo) com relação às vacinas”, afirmou Renan ao
Estadão.