O embaixador da Venezuela na Organização das Nações Unidas (ONU), Samuel Moncada, publicou nesta terça-feira, 16, uma carta direcionada ao secretário-geral da entidade, o português António Guterres, no qual condenou o presidente brasileiro Jair Bolsonaro por “negligência criminosa” no combate ao coronavírus. Segundo ele, o Brasil “se tornou o pior inimigo dos esforços para sairmos vitoriosos da pandemia na América Latina.”

Logo no início de sua mensagem, o diplomata cita a “atuação irresponsável do senhor Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, país onde se encontra hoje o maior foco da doença em nosso continente.” A carta alerta especialmente para os riscos de contaminação de venezuelanos na fronteira.

“Quando milhares de migrantes venezuelanos, fugindo da discriminação, da xenofobia e de outras formas similares de intolerância de que têm sido vítimas no país vizinho, voltam voluntariamente à Venezuela, isso pode ser determinante para a propagação do vírus em nosso território, apesar dos protocolos que temos implementado nas diferentes fronteiras”, argumentou.

Moncada destaca ainda que os dois estados fronteiriços (Amazonas e Roraima) acumulam mais de 62.000 casos de Covid-19, enquanto toda a Venezuela possui 3.662 casos, segundo os dados do governo de Nicolás Maduro.

O embaixador venezuelano citou declarações controversas de Bolsonaro, como a ameaça de tirar o país da Organização Mundial de Saúde (OMS), e listou entre as ações do governo brasileiro a “negação da severidade da pandemia”, a “carência de uma política pública coerente para a contenção” do vírus, e “ameaças ao multilateralismo.”

“É doloroso ver como hoje (o Brasil) está desperdiçando a oportunidade de liderar a luta para salvar milhões de vidas e, pelo contrário, está se transformando em um gigante agente de retrocesso e destruição. Desta maneira, o Brasil hoje é uma verdadeira bomba humanitária que coloca em perigo a saúde, o bem-estar e a vida dos nossos povos”, completou.

Segundo dados coletados pela Universidade Johns Hopkins, o Brasil é atualmente o segundo país com mais casos confirmados (cerca de 923.000) e mortes (45.000), atrás apenas dos Estados Unidos. Já a Venezuela tem pouco mais de 3.000 infecções e 26 óbitos. Com informações, Veja / Fotos Yuri Cortez/AFP

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