Jair Bolsonaro discursou nesta manhã na
Assembleia Geral das Nações Unidas e protagonizou o momento mais constrangedor
da história diplomática do Brasil. Em seu discurso, ele atacou médicos cubanos,
exaltou a ditadura militar no Brasil, atacou lideranças indígenas, como o cacique
Raoni, e bajulou os Estados Unidos, país para o qual bate continência.
Bolsonaro
logo exaltou o golpe e 1964. "[Os comunistas] tentaram mudar o
regime, mas foram derrotados. Vencemos aquela guerra e resguardamos a nossa
liberdade", afirmou.
Segundo
ele, a "ditadura cubana" trouxe ao nosso país "médicos sem
comprovação médica". "Verdadeiro trabalho escravo. Respaldado por
entidades de direitos humanos", disse. "Acordo entre PT e governo
cubano trouxe médicos sem comprovação ao Brasil."
Bolsonaro
afirmou que a "ideologia (de esquerda) invadiu a alma humana e deixou um
rastro de miséria por onde passou. Fui esfaqueado por mililante de esquerda. A
ONU pode ajudar na derrota ao ambiente ideológico", disse. "A
ideologia invadiu nossos lares contra nossas famílias e tenta destruir a
inocência de nossas crianças. O politicamente correto domina o debate
público", complementou.
Ele
também atacou a Venezuela e disse que o Brasil "sente os impactos" da
"ditadura venezuelana". "Trabalhamos com os EUA para a democracia
ser restabelecidade na Venezuela e para outros países não experimentem este
nefasto regime", disse.
"Presidente
socialistas que me antecederam desviaram dinheiro para um projeto de
poder", afirmou. "Também deram recursos para oturosm países para
projetos semelhantes em toda a região. A fonte de recursos secou".
Bolsonaro
defendeu o "livre mercado". Abertura é um dos objetivos imediatods do
governo. "Estamos abrindo a economia e nos integrando à cadeias globais de
valor", acrescentou.
Amazônia e pauta indígena
Ao
falar sobre a Amazônia, Bolsonaro atacou "países com espírito
colonislista", em referência às críticas de nações europeias. "Clima
seco favorece queimadas. Existem queimadas praticadas por índios",
complementou.
"A
visão de um líder indígena não representa a visão de todos os índios
brasileiros. Algumas pessoas de dentro e de fora apoiada por ONGs querem nossos
índios como homens das cavernas", continuou.
De
acordo com ele, a imprensa cobre o desmatamento com "falácias" e de
"forma desrespeitosa".
Boslonaro
criticou o que chamou de "ambientalismo radical e indigenismo
ultrapassado", que, segundo ele, representam o "atraso".
"Temos
tolerância zero para criminalidade, incluindo crimes ambientais. Qualquer
iniciativa de ajuda ou apoio deve ser tratado em pleno respeito à soberania
brasileira. Rechaçados a tentativa de instrumentalizar a questão ambiental em
prol de interesses políticos externos".
O
jornalista George Marques afirma que o "discurso de Bolsonaro de cabo a
rabo tem viés ideológico". "Ataca Cuba, Venezuela, o socialismo. Não
acrescentou nenhuma palavra de união ou conciliatória, apenas a divisão. Ainda
saudou a ditadura e o golpe militar que marcou a história brasileira. Que
vergonha para o Brasil".
Bolsonaro
atacou o líder indígena Raoni Metuktire. "Muitas vezes essas lideranças,
como Raoni, são usados como ferramenta de manobra para conduzir seus interesses
sobre a Amazônia", disse.
O
ocupante do Planalto bajulou Israel. "Agradeço Israel pelo apoio nos
recentes desastres ocorridos em meu país".
Terrorismo
Em
seu discurso, Bolsonaro também afirmou que "terroristas não vão mais
encontrar refúgio no Brasil". "O terrorista Cesare Battisti foi
extraditado para a Itália no meu governo, assim como outros três
terroristas." brasil247 / O presidente Jair Bolsonaro durante discurso na 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA) — Foto: Carlo Allegri/Reuters