O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira, 5, para manter uma decisão liminar dada por ele em 2018, que determina que privatizações exigem prévia autorização legislativa. Ele também manteve sua posição sobre a necessidade de haver licitação para venda de empresas estatais.

Lewandowski deixou em aberto se a autorização legislativa poderia ser dada por meio de uma lei genérica sobre privatizações ou de uma lei específica para cada empresa. Outro ponto sobre o qual o ministro não deu sua palavra final foi sobre a situação específica da venda de subsidiárias.

“Me disponho a eventualmente aprofundar, se for o caso, a questão da necessidade de lei específica ou genérica, e a questão das subsidiárias, se a lei, uma vez autorizando sua criação, é possível considerar implícita autorização para a venda”, disse, ao finalizar seu voto. O ministro sinalizou, no entanto, que entende que a atuação de subsidiárias deve estar regrada por lei, inclusive sua venda.

A decisão do plenário do STF deve afetar os planos de privatizações do governo. Na prática, empresas consideradas “peixes grandes”, como Banco do Brasil, Petrobras, Eletrobras, não poderiam ser privatizadas sem passar pelo Legislativo, por questões constitucionais, e, portanto, não seriam afetadas pela decisão. Assim, o principal interesse recai sobre as subsidiárias das companhias maiores e algumas estatais consideradas de pequeno e médio porte, como a Casa da Moeda.

No caso da Petrobras, os ministros também devem julgar hoje especificamente a venda de 90% de uma de suas subsidiárias, a transportadora TAG, para um grupo liderado pela elétrica francesa Engie, por 8,6 bilhões de dólares.

A venda, que também estava sob o arcabouço da decisão do ministro Lewandowski, teve aval do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para ocorrer sem passar pelo Legislativo ou necessitar de licitação, a partir de decisão, em janeiro. No entanto, uma liminar concedida pelo ministro Edson Fachin na semana passada suspendeu o negócio.

Em um aparte no voto do colega, o ministro Marco Aurélio Mello adiantou que se posicionará pela desnecessidade de autorização do Legislativo aos processos de privatização, deixando dúvidas, no entanto, sobre como votará em relação à necessidade de licitação. “Lei específica pode eventualmente ter dificuldade de ser aprovada pelo Congresso Nacional”, observou.|veja / O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Adriano MachadoRE/Reuters)

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