Nem mesmo o esquema reforçado de
segurança evitou que os bonecos gigantes representando o presidente Jair
Bolsonaro e a primeira-dama Michelle fossem alvo de vaias e uma
"chuva" de latas de cerveja, refrigerante e até pedras de gelo, na
manhã desta segunda-feira (4),durante o tradicional desfile pelas ladeiras de
Olinda.
Até poucos minutos antes da festa, que
anualmente arrasta milhares de foliões, representantes da Embaixada dos Bonecos
Gigantes, responsável pela organização do evento, não tinham confirmado a
participação do "casal Bolsonaro". Durante toda a concentração, os
bonecos ficaram cobertos com panos pretos.
Durante o trajeto, os foliões vaiavam e
atiravam latas e gelo no boneco de Bolsonaro. "Ai, ai, ai… Bolsonaro é o
c...", cantava o público.
Em alguns dos momentos de maior
exaltação, na tentativa de conter a reação popular, a PM interveio para dar
apoio aos seguranças particulares contratados pelos organizadores.
De acordo com foliões que acompanhavam
o bloco, em pelo menos duas ocasiões, a PM lançou spray de pimenta no
público.
O arquiteto João Freitas, 50, reprovou
a presença dos calungas da família Bolsonaro no desfile. "Achei uma
bobagem a organização insistir em colocar os bonecos do presidente e da
primeira-dama para desfilar. Todo mundo que conhece o carnaval de Olinda sabe
que ele não é bem-vindo na festa, que sempre teve um caráter de crítica
política muito forte. Acabou criando uma tensão desnecessária",
afirmou.
Já a pedagoga Lídia Soares, 41, aprovou
os novatos. "O carnaval das ladeiras de Olinda é democrático. Não tem
porquê proibir nada. A reação do público deixou claro que aqui não tem espaço
para Bolsonaro, mas o boneco só fez animar ainda mais a festa", contou.|Fonte:
Estadão Conteudo / ADEMAR FILHO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO