Sérgio Moro aceitou nesta quinta-feira (1) o
convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para comandar o
superministério da Justiça e Segurança Pública. Moro divulgou uma nota
confirmando que aceitou o "honrado convite" e que fará uma coletiva
na próxima semana para detalhar os termos discutidos. Ele deixou o condomínio
onde mora o presidente eleito, no Rio, às 10h45, após cerca de 1h30 de reunião
"na qual foram discutidas políticas para a pasta".
Moro, responsável pela condenação sem provas do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria sido chamado para compor o
ministério ainda durante o primeiro turno da eleição presidencial, segundo o
general Hamilton Mourão, vice na chapa de Bolsonaro. "Isso (o convite) já
faz tempo, durante a campanha foi feito um contato", disse Mourão nesta
quarta-feira (31), ao falar sobre o convite a Moro, detalhando que o contato
foi feito por Paulo Guedes a pedido de Bolsonaro.
No dia 1 de outubro, faltando menos de uma semana
para a realização do primeiro turno das eleições, menos de uma semana antes do
primeiro turno, Moro determinou a quebra do sigilo da delação premiada do
ex-ministro Antonio Palocci e ordenou sua divulgação para a imprensa com o
objetivo de prejudicar a campanha do candidato do campo democrático, Fernando
Haddad (PT), na corrida eleitoral.
Durante o voo de ida para o Rio de Janeiro, Moro
afirmou que a motivação de seu encontro com Bolsonaro ocorreria em função de o
País precisar de uma agenda anticorrupção e anticrime organizado.
"Se houver a possibilidade de uma
implementação dessa agenda, convergência de ideias, como isso ser feito, então
há uma possibilidade. Mas como disse, é tudo muito prematuro", disse ele à
TV Globo antes do encontro com Bolsonaro.
Leia a íntegra da nota divulgada por
Moro.
"Nota oficial: Fui convidado pelo sr.
Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Pública
na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para
a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que
abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma
forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição,
a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa
consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar
riscos de retrocessos por um bem maior. A Operacão Lava Jato seguirá em
Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias
desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima
semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes. Curitiba, 01 de
novembro de 2018. Sergio Fernando Moro. [Informações do brasil247 / Foto Silvia Izquierdo/AP ]