O staff de Jair Bolsonaro , presidente
eleito, proibiu a entrada de parte dos profissionais de imprensa que aguardavam
a realização de uma entrevista coletiva, na tarde desta quinta-feira. Apenas
emissoras de televisão e sites foram autorizados a entrar no condomínio do
político na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, apesar da solicitação de
credenciamento ter sido feita por todos os repórteres. Jornais e agências
internacionais foram barrados.
Uma agente da Polícia Federal destacada para fazer a triagem
dos veículos autorizados alegou questões "de espaço físico" para
impedir a entrada de representantes de todos os jornais e para as rádios
presentes. Em outro momento, ela afirmou que a autorização dos profissionais
era “de dentro para fora”, explicando que a ordem partiu de dentro da
casa do Bolsonaro. Ao todo, 21 pessoas tiveram a permissão para participar da
entrevista.
Questionado sobre os critérios
para a seleção dos repórteres, Tercio Arnaud Tomaz, que se apresentou
como assessor de comunicação de Bolsonaro, alegou que apenas TVs participariam
da entrevista, apesar de profissionais de sites terem sido autorizados. É
praxe, no entanto, que coletivas de autoridades permitam a participação de todos
os veículos profissionais interessados.
Durante a entrevista, questionado
sobre o porquê de veículos impressos, como O GLOBO, Valor, Folha e Estado de
S.Paulo, e agência internacionais ficaram de fora da coletiva, Bolsonaro
respondeu:
— Ah, não sei. Quem marcou isso
aí não fui eu, tá ok? Eu tenho consideração com vocês, eu não mandei
restringir ninguém não.
Outros integrantes da equipe de
Bolsonaro também foram questionados sobre os critérios da escolha de
profissionais e o porquê de Bolsonaro não se colocar à disposição para
responder perguntas de todos os veículos. Não houve resposta.
Desde que voltou ao Rio no final de setembro, após 23 dias
internado no Hospital Albert Einstein em São Paulo, Bolsonaro tem aberto sua
casa para receber grandes grupos de apoiadores, como ocorreu ao ser visitado
por dezenas de parlamentares das bancadas da Bala, Evangélica e do Agronegócio.
[oglobo / Foto: STRINGER / REUTERS ]