O presidente eleito, Jair Bolsonaro,
incluiu hoje (1º), pela primeira vez, o Ministério da Defesa entre os três
superminstérios de seu futuro governo - os dois outros são o da Justiça e
o da Economia. "A Defesa é um outro superministério. As Forças Armadas
vão sim fazer parte da política nacional. Não vão ser relegadas como nos
governos de Fernando Henrique e do PT", anunciou, em entrevista coletiva
para emissoras de televisão.
Bolsonaro também deu outros detalhes sobre a
estrutura de seu futuro governo. Disse que o ministérios da Agricultura e Meio
Ambiente deverão mesmo ficar separados, mas avisou que ele escolherá os dois
ministros. "Não vão ser as ONGs", afirmou, referindo-se à pasta do
Meio Ambiente. Ele se disse "pronto para voltar atrás" neste
caso porque, primeiramente, relatou, o setor rural defendeu de forma unânime a
união dos dois ministérios, mas depois se dividiu, por entender que a fusão
prejudicaria o agronegócio no Exterior - onde é exigido dos exportadores o
cumprimento de normas ambientais.
O presidente eleito também anunciou que o ensino
superior sairá do âmbito do Ministério da Educação e passará a ser administrado
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. "Não temos nenhuma das nossas
universidades entre as melhores do mundo e o nosso Marcos Pontes vai dar
um gás especial para essa questão aí", afirmou.
Perguntado se investiria mais nas universidades,
disse que não. "Pelo contrário, nós queremos investir mais no ensino
básico e médio". Provavelmente, relatou, o seu governo
deverá ter até 17 ministérios - hoje são 29.
Economia e reforma
Jair Bolsonaro também voltou a dizer que o futuro
ministro da Economia, Paulo Guedes, terá "carta
branca" para escolher nomes e para administrar a pasta que reunirá a
Fazenda, o Planejamento e a Indústria e o Comércio. Sem citar nomes, disse que
há "gente boa" no governo Temer que poderia ser aproveitada por
Guedes. Bolsonaro reafirmou os compromissos da sua equipe econômica com
as metas de inflação, juros, câmbio e com a reforma da Previdência.
Sobre votar ou não a proposta de reforma agora, ele
disse que isso depende de saber se haverá quórum, já que o Congresso está
esvaziado após a eleição. Ele considerou aproveitar "alguma coisa" do
que está aprovado na Comissão especial da Câmara, mas voltou a defender
especificidades para aposentadoria de diversas categorias - inclusive os
militares. Mas disse ser necessária e urgente a reforma da Previdência.
"Se ficarmos sentados olhando para o céu, vamos correr o risco de virar
uma Grécia", comparou.
Bolsonaro defendeu também a desburocratização do
Estado para favorecer empreendedores e uma fiscalização que seja
amigável. Também defendeu que a Petrobras faça parcerias para investir mais.
Anunciou, por fim, que ira avalizar o acordo Boeing-Embraer.
Exterior
Ele se disse ainda aberto a conversar, inclusive já
na próxima semana, quando virá a Brasília, com representantes da China e
de outros países que querem negociar com o Brasil. "Vamos fazer negócios
sem viés ideológico", avisou. Bolsonaro afirmou não ver
"clima pesado ou problemas" em mudar a embaixada do Brasil
de Tel Aviv para Jerusalém. "Não é problema de vida ou morte, respeito os
judeus e o povo árabe". Ele disse que esses assuntos serão tratados pelo
futuro ministro das Relações Exteriores.
Esta foi a primeira entrevista coletiva de
Bolsonaro. Ao contrário do que é usual, apenas as TVs (exceto a TV
Brasil) e algumas rádios e sites foram convocados para a
entrevista, organizada pela assessoria do vereador Carlos Bolsonaro, filho do
presidente eleito. Os jornais impressos (e seus portais online),
agências de notícias nacionais e internacionais - inclusive a Agência
Brasil - tiveram seus pedidos de credenciamento ignorados. O
presidente eleito disse que não pediu para excluir ninguém e que desconhecia
quem tinha organizado a coletiva. [agenciabrasil / Foto Tomaz Silva/Agência Brasil]