Sessenta e três cidades baianas estão com cobertura vacinal abaixo
de 50% para a poliomielite (ou paralisia infantil). O número representa 15% dos
municípios da Bahia e 20% daqueles com o mesmo problema no país: 312.
As baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de 5 anos,
acenderam uma luz vermelha. Ribeira do Pombal tem a menor cobertura no país –
0,50% -, segundo o Ministério da Saúde.
Os dados foram divulgados pela
coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI),
Carla Domingues, em reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), na
última quinta-feira, e disponibilizados no site da pasta, ontem.
O ministério fala em alerta,
pois a doença infecto-contagiosa viral aguda já está erradicada no país. O
último caso foi em 1990.
Entre os 63 municípios baianos
com baixa cobertura, estão Vitória da Conquista (46,34%), Ilhéus (29,69%),
Itacaré (43,7%), Irecê (43,93%), Alagoinhas (44,72%) e Itapetinga (49,82%). De
acordo com a Coordenação Estadual de Imunização, da Secretaria da Saúde do
Estado da Bahia (Sesab), esse número potencializa o risco de reintrodução da
doença.
A recomendação da pasta é
atualizar as cadernetas de vacinação das crianças, já que as doses estão
disponíveis nos postos de saúde. Uma oportunidade será na próxima
Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, de 6 a 31 de agosto.
Ribeira do Pombal, no Nordeste
do estado, tem a pior cobertura vacinal do país: apenas 0,50% em crianças
menores de 1 ano.
De acordo com a coordenadora de
vigilância epidemiológica do município, Ana Verena Andrade, existe “algum erro
na transmissão dos números”. “Existe uma equipe de saúde da família que faz o
acompanhamento de vacinas na cidade. Além disso, recebemos a quantidade de
vacina necessária para a população. Então, esses dados foram errados para o
Ministério da Saúde”, diz.
Ainda segundo a coordenadora, as
campanhas de vacinação são feitas na cidade de acordo com o calendário. Ela diz
ainda que não sobram vacinas nos postos. “A gente segue o cronograma
anual de campanha e não sobra vacina aqui. Essa situação deixa parecer
que os profissionais da cidade não trabalham, o que não acontece. Temos
agentes e enfermeiros que atuam regularmente com as famílias”, disse ela.
Conforme o sistema que controla a movimentação de imunobiológicos
na cidade, de fevereiro a julho de 2017, o município recebeu 10.875
vacinas de poliomielite. O sistema mostra que, nesse mesmo período, a cidade
vacinou 14.135 pessoas, entre adultos e crianças. Segundo Ana Verena, os postos
tinham um estoque dentro da validade, o que explica o número maior de vacinas
do que doses recebidas. Ribeira do Pombal tem 55 mil habitantes. Em 2017, 722
crianças nasceram na cidade.
Veja os municípios
Ribeira do Pombal, Itaquara, Milagres, Tanque Novo,
Tucano, Maiquinique, Nova Canaã, Potiraguá, Nilo Peçanha, Macaúbas, Igrapiúna,
Ibicuí, Dário Meira, Iguaí, Chorrochó, Gentio do Ouro, Ibitiara, Firmino Alves,
Salinas da Margarida, Sítio do Quinto, Olindina, IrajubaItamari, Gandu,
Taperoá, Ilhéus, Planalto, Central, Valente, Andorinha, Gongogi, Pedrão,
Itagimirim, Ipiaú, Biritinga, Cocos, Jucuruçu, Araci, Barra do Rocha, Itapebi,
Uruçuca, Lapão, Itororó, Alcobaça, Itiruçu, Antônio Gonçalves, Sobradinho,
Itarantim, Guaratinga, Itacaré, Irecê, Cabaceiras do Paraguaçu, Aramari,
Alagoinhas, Jeremoabo, Vitória da Conquista, Santa Inês, Tremedal, Arataca,
Xique-Xique, Santa Luzia, Ubaíra e Itapetinga.
Doença
Causada por um vírus que vive
no intestino, o poliovírus, a poliomelite geralmente atinge crianças com menos
de 4 anos, mas também pode contaminar adultos.
A maior parte das infecções
apresenta poucos sintomas e há semelhanças com as infecções respiratórias com
febre e dor de garganta, além das gastrointestinais, náusea, vômito e prisão de
ventre.
Cerca de 1% dos infectados pelo
vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas
permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte.
Transmissão e Prevenção
A poliomielite não tem
tratamento específico. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa para outra por
meio de saliva e fezes, assim como água e alimentos contaminados.
No entanto, a doença deve ser
prevenida por meio da vacinação. A vacina é aplicada nos postos da rede pública
de saúde. Há ainda as campanhas nacionais.
A vacina contra a poliomielite oral trivalente deve ser
administrada aos 2, 4 e 6 meses de vida. O primeiro reforço é feito aos 15
meses e o outro entre 4 e 6 anos de idade. Também é necessário vacinar-se em
todas as campanhas. A próxima Campanha Nacional de Vacinação contra a
Poliomielite ocorrerá de 6 a 31 de agosto.
O Brasil está livre da
poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana
da Saúde (Opas), a certificação de área livre de circulação do poliovírus
selvagem.|Fonte: Correio 24h