Um grupo de moradores de Vera Cruz fez um protesto na manhã desta segunda-feira (28) no terminal de Mar Grande para impedir a retomada do serviço de travessias para Salvador. Por conta disso, a primeira lancha que deveria sair às 5h30 não iniciou as atividades. Na última quinta-feira (24), um acidente envolvendo a embarcação Cavalo Marinho I deixou 18 pessoas mortas e dezenas feridas.

Em Mar Grande as pessoas protestam com cartazes e pedem a melhoria do serviço. No sábado (26) foi confirmado que a travessia das lanchas seria restabelecido hoje após liberação da Marinha e autorização da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba).

"Não queremos acabar com a travessia, pois há muitas pessoas aqui que dependem dela. Queremos garantia de segurança nas outras lanchas", comentou uma moradora que participa do protesto à TV Bahia. Eles conseguiram convencer as pessoas que usariam o serviço na manhã hoje para não embarcar.

De acordo com Jacinto Chagas, presidente da Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), as lanchas não saíram por questão de segurança. " A gente está pronto para operar, mas estamos preocupados com as manifestações. Recebemos, pelo WhastApp nos grupos, as mensagens que teria manifestação e decidimos não sair sem ter a segurança reforçada. Estamos avaliando como vamos sair para que não tenha problema. Eu já liguei para a Agerba para pedir que eles façam a intermediação para que tenha um problema maior para prejudicar a segurança das pessoas que querem viajar nas lanchas. O serviço segue suspenso até que a segurança seja reestabelecida", afirmou Jacinto.

Ele disse ainda que hoje 8 embarcações estavam preparadas para fazer as travessias desde 5h30. "Teve ato com alguns moradores lá em Mar Grande logo cedo e nenhuma lancha saiu", completa. 

A Agerba é autarquia sob regime especial que é vinculada à Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado. Ela planeja, coordena, controla e fiscaliza os serviços de transporte público hidroviário na Bahia. O CORREIO entrou em contato com a Agerba, mas até o momento não tivemos retorno. 

No terminal Naútico de Salvador, desde o início da manhã a doméstica Geisa Santana, 31, tentava fazer a travessia de Salvador para Mar Grande, mas precisou correr para o ferry-boat para chegar ao trabalho. "Cheguei aqui e falaram que não ia ter lancha. Lá do outro lado não deixaram ninguém embarcou", explicou Geisa. 

O taxista Vanderson Ribeiro, 49, que faz ponto no terminal em Salvador, disse que imaginou que as lanchas não operariam nesta segunda-feira (28). "Só se eles fossem muito insensíveis. Mesmo tendo sido liberados, será que alguém se arriscaria? Eu só estou aqui aventurando  turistas que cheguem de Morro de São Paulo para conhecer Salvador", conta ele que às 7h30 era o único taxista a espera de passageiros no terminal. 

O vendedor ambulante Valter Silva, 53 anos, trabalha no Terminal Náutico há 20 anos garante nunca ter presenciado o local com tão pouco movimento. "As pessoas preferem ir de lancha. É mais rápido", diz. Valter chegou aqui hoje às 7h e esperava ver a movimentação costumeira mas se surpreendeu. "Achei que fosse funcionar mas já conversei com eles lá dentro [funcionários] do terminal e me disseram que só quarta-feira (30)", completa. A Astramab não confirmou essa informação.

Valter, que vende água, cerveja, refrigerante e outras bebidas, costuma ficar no local até às 9h. "É tempo suficiente para vender tudo, porque é muita gente que embarca e desembarca. E de manhã é o horário mais procurado. Um prejuízo grande para mim", conclui. Ele costuma investir de R$ 30 a R$ 60 diariamente. "Imaginei que movimento seria fraco, investi só R$ 32". Ele contou que costuma ganhar de R$ 120 a 150 com um investimento de R$ 50.

Assim como Valter, a colega dele, Luciana Santos Moreira, 39, já pensa que terá prejuízo. "É um transtorno para nós, e para quem mora na ilha e faz a travessia. E eu não sei o que vou fazer agora", relata ela, que mora no bairro do Lobato e costuma ficar no local até anoitecer. Embora se sinta prejudicada, Luciana comenta que o acidente com a lancha era algo que ela já imagina. "Claro, sempre achei  que os barcos precisavam passar por revisão, eu já imaginava isso há muito tempo". Mesmo sem a expectativa da retomada do serviço ela montou a bancada de vendas, na sombra, e disse: "Se for pra levar prejuízo, pelo menos tomo na sombra". O material que ela está trabalhando hoje foi a sobra dos outros dias em que o transporte já estava parado, mas a média de investimento diário dela é R$ 100.


Sem  lanchas que fazem a travessia Salvador - Mar Grande, o movimento está intenso no terminal do ferry boat, em São Joaquim. Nervosos, os passageiros estão até batendo boca por conta de lugar na fila.|correio*

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