A Marinha informou que será instaurado
inquérito administrativo para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades
do naufrágio da lancha Cavalo Marinho I,
nesta quinta-feira, 24, durante travessia Mar Grande-Salvador. A previsão é que
a investigação seja iniciada nos próximos dias.
O Ministério Público do Estado da Bahia
(MP-BA) designou um promotor de justiça para acompanhar a apuração. Em 2014, o
MP-BA já havia pedido reforma dos terminais e das embarcações, renovação dos
coletes salva-vidas e aplicação de medidas de segurança dos usuários.
As três entidades que regulam e fiscalizam o
transporte marítimo na Baía de Todos-os-Santos asseguraram que a lancha Cavalo
Marinho I cumpria todas as exigências necessárias para navegação.
A embarcação havia sido vistoriada há cerca
de seis meses pela Capitania dos Portos e pela Associação dos Transportadores
Marítimos da Bahia (Astramab) e liberada para operação pela Agência Estadual de
Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia
(Agerba).
De acordo com os órgãos, a lancha estava com
certificado de segurança no prazo de validade e não excedia o número de
passageiros. A embarcação tinha capacidade para 162 pessoas e, no momento do
acidente, transportava 120 passageiros e quatro tripulantes.
A segurança da Cavalo Marinho I, no entanto,
era questionada por quem utilizava o serviço diariamente. A aposentada Delzuita
Lima Bittencourt, 63, que reside em Vera Cruz, contou que evitava fazer a
travessia na lancha.
“A estrutura era ruim, preferia esperar por
outra e viajar tranquila. Só usava em último caso, quando precisava chegar em
Salvador muito rápido”, disse.
O vendedor Luís Carlos Santana, 49, contou
que também não se sentia seguro quando utilizava a embarcação. “Era uma lancha
velha, que sacudia demais durante a travessia. Sempre que embarcava nela,
imaginava que um acidente pudesse ocorrer a qualquer momento”, afirmou.
Proprietário
A lancha Cavalo Marinho I está registrada em
nome da empresa CL Transporte Marítimo, pertencente a Lívio Garcia Galvão
Júnior, vice-presidente da Astramab.
A TARDE tentou contato com a CL Transporte, com
o proprietário e com o advogado dele, mas, até a publicação desta
reportagem, não obteve retorno.
A empresa também é dona de outra embarcação
que realiza a travessia Mar Grande-Salvador, a Cavalo Marinho II, primeira
lancha acionada para prestar socorro às vítimas do acidente.
As duas lanchas fazem parte da frota composta
por oito embarcações concedidas à Agerba para realizar o serviço que atende,
diariamente, cerca de quatro mil passageiros. As demais são de propriedade da
empresa Vera Cruz.
De acordo com o presidente da Astramab,
Jacinto Chagas, as oito embarcações são vistoriadas regularmente para avaliação
das condições de navegabilidade.
“Foi uma fatalidade. Não havia motivo
aparente para que o acidente acontecesse. Somente depois das investigações
poderemos apontar uma causa”, disse.
Segundo o diretor da Agerba, Eduardo Pessoa,
esse foi o primeiro acidente envolvendo as lanchas que realizam a travessia Mar
Grande-Salvador.|atarde

