No dia do aniversário da cidade, o professor Gilson Santana da Rede Municipal de Ensino, graduado em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia e com formação superior incompleta de História -  Licenciatura, publicou em aplicativos de redes sociais a sua contestação sobre a data 06 de agosto que intítulo o aniversário de Emancipação Politica de Inhambupe.

Segundo Gilson Santana, o 6 de agosto de 1896 que é tido como a data de Emancipação Politica, foi uma mera formalidade política. Como pode Alagoinhas ter 162 anos de emancipação política e Inhambupe 119 anos, se a mesma foi desmembrada de Inhambupe? Indaga Santana.

Leia na íntegra o texto que o professor escreveu no aplicativo de redes sociais, após algumas pesquisas realizadas.

No Brasil  a data  da fundação de um município antes da proclamação da república é o dia da criação da vila. Com a vila o arraial ou a freguesia adquiria a sua autonomia político-administrativa, passando a constituir uma câmara de vereadores, com direito de cobrar impostos, e baixar "posturas" que eram espécies de leis municipais, recebia ainda um "juiz de fora", pelourinho e cadeia pública. Com a proclamação da República as vilas passam a ser cidades. Ganhar título de cidade, neste tempo, era mais honorífico e pouco acrescentava em termos de organização política e administrativa.

Professor Gilson Santana
O município de Entre Rios foi elevada a categoria de cidade em 30 de março de 1938 pela lei estadual Nº 10724, mas comemora sua emancipação em 03 de abril de 1872 data em que foi elevado a categoria de vila. Já Alagoinhas foi elevada a categoria de cidade em 07 de junho de 1880 pela lei Provincial Nº 1957, mas comemora sua emancipação em 02 de julho de 1853 data em que foi elevado a categoria de vila. Feira de Santana comemorava sua emancipação em 16 de julho de 1873 ( data que foi elevada a categoria de cidade) ,até o Monsenhor Renato Galvão contestar a data alegando que em 13 de novembro de 1832 o governo imperial autorizou, por decreto , a criação da vila  em 18 de setembro de 1833 e que a partir desta data a mesma se tornou independente, já que dispunha de comarca, cadeia publica e câmara de vereadores, em 2000 a data de emancipação foi alterada.

De acordo com o IBGE, e do livro "Evolução Territorial e Administrativa do Estado da Bahia: Um breve Histórico" publicação de 2001 da SEI, o município de Inhambupe foi elevado à categoria de Vila em 1727 quando Vasco Fernandes Cezar pela Resolução de 24 de abril elevou a ´povoação a categoria de vila e instalada por carta régia em 26 de junho de 1801.

O atual prédio da Prefeitura, na época Casa de Câmara e Cadeia data de 1845 deixando claro que o município já tinha autonomia política antes de 06 de agosto de 1896.

De acordo com a Enciclopédia dos Municípios brasileiros ,Volume 20, edição de 1958, pagina 276, a Comarca de Inhambupe foi criada pela Lei Provincial Nº 51 de 21 de março de 1837.

Diante de todos esses fatos cheguei a conclusão que a Lei 134 de  6 de agosto de 1896 não passou de uma mera formalidade política de um país que deixava de ser império e passava a ser Republica, sendo que Inhambupe já era emancipado muitos anos antes da referida lei.

Fontes:
http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php…|inhambupe|infograficos:-historico
www.jornaldamidia.com.br/.../Bicentenario_de_Inhambupe_-
http://www.povt.qren.pt/tempfiles/20080213151143moptc.pdf
www.al.ba.gov.br/noticias/Noticia.php?id=17504

Enciclopédia do municípios brasileiros volume XX IBGE 1958
Lei  134 de 6 de agosto de 1896.
Tavares , Luis Henrique Dias – Historia da Bahia – Salvador; Correio da Bahia, 2000.

Evolução Territorial e Administrativa do Estado da Bahia: Um breve Histórico" - publicação  SEI 2001

1 Comentários

silvio14 disse…
O comentário do professor Gilson faz sentido e demonstra o seu exercício leitor sobre uma memória documentada. O referido professor reinterpreta essa memória, dando-lhe um novo significado. Esse é o papel do educador: confrontar o posto para que os seus alunos possam reconstruir os conhecimentos produzidos historicamente. Como diz Paulo Freire, “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha
 para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Parabéns, professor. Quem sabe se a partir do seu argumento a história inhambupense não tome outros rumos? Gente que sabe pensar, que sabe ler (no sentido freiriano da palavra), que produz conhecimentos, que tem competência intelectual, precisa assumir o seu lugar devido no espaço público, tão ocupado pela mediocridade, pela ignorância, pela corrupção, pela irresponsabilidade, pela incompetência.

É isso aí, Gilson! Parabéns, mais uma vez.

Um abraço,

Silvio Carvalho
Postagem Anterior Próxima Postagem