O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou neste
sábado, em entrevista publicada pelo jornal O Globo, que tem dúvidas se a
presidente Dilma Rousseff termina o mandato, conquistado em outubro do ano
passado em vitória sobre ele.
Aécio
insiste nas chamadas "pedaladas fiscais" para pressionar o Tribunal
de Contas da União a rejeitar as contas da presidente Dilma de 2014 e abrir
caminho para um eventual pedido de impeachment. "Junto ao TCU nós
mostramos que a presidente cometeu, de forma reiterada, inclusive este ano,
crime de responsabilidade. Por outro lado, temos ações junto à Procuradoria
Geral da República que, na verdade, demonstram que houve cometimento de crime
comum", afirmou.
O presidente
do PSDB pretende utilizar a delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, para
reforçar os argumentos em prol do golpe. "Ingressamos com outra ação por
crime de extorsão com base na delação do senhor Ricardo Pessoa, quando diz que
o tesoureiro da campanha condicionava a manutenção dos contratos da UTC e
Constran na Petrobras às doações para a campanha eleitoral da presidente
Dilma", afirma. O problema é que Ricardo Pessoa também faz delação que
complica a vida do PSDB.
Nessa
sexta-feira,3, o Jornal Nacional noticiou que a delação de Ricardo Pessoa é bem
mais ampla do que se supunha. O dono da UTC/Constran implicou nada menos
que 15 partidos ao falar de suas doações com recursos ilícitos, incluindo o
PSDB, presidido por Aécio, e o DEM, de artífices do golpe, como os senadores
Ronaldo Caiado (DEM/GO), denunciado por caixa dois pelo ex-companheiro
Demóstenes Torres, e Agripino Maia (DEM/RN), investigado no Supremo Tribunal
Federal pelo recebimento de propinas de R$ 1,1 milhão.
Outra
hipótese defendida pelo tucano é a delação do doleiro Alberto Youssef, que
disse à Justiça Eleitoral ter sido procurado por um emissário da campanha
da presidente Dilma Rousseff no ano passado para trazer de volta ao Brasil
cerca de R$ 20 milhões depositados no exterior. O complicador, neste caso, é
que o mesmo Youssef já acusou Aécio de "ser dono" de uma diretoria em
Furnas que pagava mensalão a parlamentares aliados do tucano.
Aécio Neve
assumiu pela primeira vez de forma clara a defesa do golpe. "O PSDB tem
que estar preparado para qualquer cenário. (...) Meu papel é garantir a unidade
do partido. E democraticamente vamos agir no momento certo, não antes de 2017,
para definir quem terá a responsabilidade de disputar as eleições. A não ser
que o calendário eleitoral se antecipe", afirmou.
Questionado
sobre eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aécio
foi enfático: "Venha Lula, venha quem vier, o ciclo de poder do PT se
encerrou. Porque eles não têm mais o que dizer para as pessoas. O PT, em uma
próxima eleição, estará envergonhado. O PT vai passar por um estágio, que eu
espero que seja longo, como oposição. Recuperar suas teses originárias, voltar
a ser o partido representante de um segmento importante da população
brasileira, da classe trabalhadora, com interlocução adequada com os sindicatos.
Faz falta ao Brasil um partido da classe trabalhadora. Mas é preciso um partido
legítimo, sério, honrado. O PT virou o partido do capital. O capital
distribuído para alguns poucos", afirmou. brasil247