Apresentador
do Jornal Nacional aparece como presidente da República nas redes sociais; um
dia depois de interromper a presidente Dilma Rousseff 21 vezes em entrevista de
15 minutos, William Bonner é visto não como jornalista, mas como político;
primeira pergunta dele, com a expressão "escândalo de corrupção"
citada sete vezes, durou um minuto e 39 segundos, quase 10% do tempo total do
encontro; tentativa de massacre teve caretas, um dedo em riste de uma
transtornada Patrícia Poeta e gesto em dobro do próprio Bonner; desequilíbrio
histórico
O
editor-chefe e âncora do Jornal Nacional, William Bonner, nunca foi tão
mencionado nas redes sociais – e mesmo nos portais de notícias – como na noite
desta segunda-feira 18, após sua entrevista com a presidente Dilma Rousseff, na
companhia de Patrícia Poeta.
A entrevista foi, na
verdade, uma ação eleitoral do principal noticiário da televisão brasileira,
com direito a interrupções, perguntas quilométricas e dedo em riste por parte
dos apresentadores. Em sua primeira pergunta, Bonner repetiu sete vezes a palavra
"corrupção".
No
cálculo do jornalista Jeff Benício, que escreve no blog Sala de TV no portal
Terra, o âncora interrompeu a candidata à reeleição nada menos que 21 vezes em
15 minutos e 52 segundos. O embate entre ele e a presidente durou 7 minutos e
15 segundos, diz o blogueiro.
Depois
da única pergunta de Patrícia Poeta, que até então era espectadora, Bonner
interrompeu Dilma ainda mais cinco vezes para, como disse ele, "falar de
economia". Houve momentos em que a petista precisou continuar sua resposta
da pergunta anterior quando já estava na seguinte. "Então, Bonner, como eu
estava dizendo...", alfinetou.
Pouco
depois, outro embate deixou o momento mais tenso. Enquanto Dilma apresentava
suas declarações finais como candidata, Bonner a cortou novamente: "nosso
tempo está acabando". Ela reagiu com a pergunta: "acabou?". Mais
de uma vez os apresentadores agradeceram a presença da presidente no programa
enquanto ela ainda falava.
Da
parte de Dilma Rousseff, em nenhum momento a candidata perdeu a calma, apensa
tentava terminar seu raciocínio quando era cortada ao vivo. Entre as três
entrevistas – o JN também chamou à bancada o candidato Aécio Neves, do PSDB, e
Eduardo Campos, que era postulante pelo PSB, mas morreu em um acidente aéreo no
dia seguinte – certamente essa foi a mais incisiva.
Nas
redes sociais, Bonner foi alvo de elogios, críticas e até de pedidos para que
se candidate à Presidência da República. Imediatamente após a entrevista, os
quatro primeiro assuntos mais comentados no Twitter nacional se referiam ao
tema, sendo o primeiro deles o nome do âncora: "Bonner". Veja aqui
