Por enquanto, pouca gente vai poder ver, mas a partir do domingo, 23, o humor escrachado e as maluquices do Pânico na TV, carro-chefe da RedeTV, serão transmitidos em 3D para todo o Brasil.


O anúncio da estreia da nova tecnologia, inédita na TV brasileira, foi feito ao vivo na noite de ontem, quando o apresentador Emílio Surita comunicou que a direção da emissora estava assistindo, naquele momento, à primeira transmissão experimental em três dimensões. A aposta é que se repita, com os ainda raros e caríssimos televisores 3D, o mesmo que se deu com os aparelhos de alta definição, que aos poucos se popularizam no Brasil.

"Quando a gente prepara a tecnologia, não pode ficar preocupado com quantos estão assistindo naquele momento, mas com o futuro. Em 2007, foram vendidos 300 mil receptores de alta definição no Brasil. No ano passado, foram mais de 4 milhões. Com o 3D vai ser a mesma coisa", acredita o superintendente de operações da RedeTV, Kalled Adib, que comanda a implantação do 3D.

A estreia das imagens tridimensionais acontece no momento em que o programa atinge seu melhor patamar de audiência desde a criação, em 2003, e se consolida na segunda posição na noite de domingo. Os 16 pontos de audiência registrados às 22h52 de ontem representam recorde histórico para a emissora – num dia em que, por 21 minutos, o Pânico esteve em primeiro lugar na audiência dominical e registrou média de 11 pontos.

O período de liderança começou logo depois do fim do Fantástico, que encabeça o Ibope com média de 20 pontos. Silvio Santos, no SBT, e Gugu Liberato, na Record, se engalfinham em terceiro desde o início do ano, com marcas que variam entre os 8 e os 12 pontos.

Investimento alto - Para fazer o 3D acontecer, o investimento é alto, e a emissora não revela o total. Mas se considerados os valores das câmeras, pode-se ter uma ideia da grandeza da quantia envolvida na operação. Para captar imagens em 3D, cada eixo – como se chama cada posição de câmera, no jargão da TV – passa a ter dois pontos de captação. Ou seja, são duas câmeras para cada ângulo que se quer mostrar na TV. As câmeras para este tipo de captação custam, cada uma, 250 mil dólares, três vezes mais do que as câmeras comuns. "Isso é necessário para recriar, na transmissão 3D, o que se vê com o olho esquerdo e com o olho direito", traduz Kalled. O programa usa atualmente cinco câmeras no estúdio - o que significa um gasto de pelo menos 1,25 milhão de dólares.

A intenção é provocar, com o efeito tridimensional, um mergulho no auditório de onde são transmitidos os momentos ao vivo do programa. "Queremos criar esta sensação de profundidade. Já percebemos que não dá pra ficar brincando com aquele efeito de fazer a pessoa ou o objeto sair da tela. Fizemos pesquisas com grupos de telespectadores e vimos que isso cria uma fadiga em quem assiste ao programa. Não é um recurso para se usar toda hora", diz Kalled.

Tecnicamente, a RedeTV está apta a transmitir filmes, partidas de futebol e até telejornalismo em três dimensões. Mas os próximos passos ainda não estão decididos, explica a superintendente artística da emissora, Mônica Pimentel. "O 3D não muda o conteúdo, mas a forma como ele se apresenta. É uma tecnologia que coloca o espectador dentro da cena, o mesmo efeito que o mundo assistiu em Avatar. A partir de agora, começamos a estudar até onde podemos ir", explica, sem detalhar o próximo passo. "Esporte, filmes e entretenimento certamente estão entre essas possibilidades", admite Mônica.

Se a chegada dos televisores 3D se confirmar como uma revolução no entretenimento doméstico, a exemplo do que foi a chegada da televisão ao Brasil, em 1950, e a primeira transmissão em cores, em 1970, a RedeTV terá saído na frente. Por enquanto, quem quer ter um televisor desse tipo em casa desembolsa a partir de 8 mil reais e não está livre, por ora, dos inconvenientes óculos que possibilitam o efeito – algo que a tecnologia já estuda abolir com a evolução do 3D, mas que não tem data para chegar ao mercado.

Apesar do entusiasmo, Kalled mantém os pés no chão. "Achar que o 3D vai ser uma tecnologia para se assistir TV o tempo todo é um certo exagero. Serve para alguns produtos, como o Pânico, que é um programa diferente dentro do que se faz hoje na televisão. O 3D não é tecnologia para a TV em geral", avalia.
Fonte - veja.com - televisão

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