
Atualmente, em La Higuera, há uma estátua de Che. Tornou-se um local de peregrinação. Ironicamente, em se tratando de um comunista ateu, Che é hoje conhecido na região como "San Ernesto de La Higuera". A imagem de Che, de boina e olhando de lado, registrada pelo fotógrafo Alberto Korda, é hoje uma das marcas mais conhecidas do mundo, reproduzida em pôsteres e camisetas. O culto a Che Guevara, porém, nada tem de gratuito ou inexplicável. A força da convicção com a qual ele lutou pelas causas em que acreditavam o transfomaram numa espécie de herói romântico. Sua frase mais famosa, "Há que endurecer, mas sem perder a ternura jamais", resume a imagem que ficou dele. Che, por isso, foi eleito pela revista norte-americana Time como uma das cem personalidades mais importantes do século XX. Ernesto Guevara de La Serna nasceu na cidade de Rosario, na Argentina, em 14 de junho de 1928, em uma família de classe média alta. Asmático, com a saúde frágil, passou boa parte de sua infância em casa, lendo. Na casa de seus pais, havia uma biblioteca com três mil livros. Foi ali que ele conheceu as obras comunistas de Marx, Engels e Lênin. Ernesto forma-se em medicina. Ele próprio atribui, no livro "Diários de Motocicleta", que uma viagem que fez na juventude pela América Latina, iniciada numa velha moto e terminada a pé, foi fundamental para consolidar a sua crença socialista e a necessidade de unificação da América Latina. É em 1954, na Guatemala, que Che conhece Raúl Castro, que o apresentaria a seu irmão mais velho, Fidel Castro. É ali que eles começam a articular a Revolução Cubana. Che será um dos 72 homens que embarcam com Fidel no iate Granma para invadir Cuba e, em 1959, derrubar o ditador cubano Fulgencio Batista, iniciando o governo socialista que até hoje perdura naquela ilha caribenha. O apelido "Che" vem do fato de Guevara ser argentino. Os argentinos dos pampas usam, como os gaúchos, esse termo para se dirigir às pessoas.