Mariana Souza dos Santos não poderia nascer em outra data. O dia 31 de outubro a pertence, não de forma possessiva, mas por ligação ao que é celebrado: o Dia Nacional da Poesia, que foi criado para homenagear o poeta Carlos Drummond de Andrade. O gênero literário é uma das paixões da garota nascida na cidade de Inhambupe (a 153km de Salvador). E é por meio da poesia que ela gosta de enxergar e retratar o mundo ao seu redor, principalmente a cidade onde vive.

Não à toa, a pequena poetisa, que está prestes a completar 12 anos, conquistou a vaga de Inhambupe, em 2019, para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, na Olimpíada de Língua Portuguesa realizada pela Fundação Itaú Social, dentro do Programa Escrevendo o Futuro, em parceria com o Ministério da Cultura. Nesta edição, o gênero textual foi exatamente a poesia. E o tema, para felicidade de Mariana, foi “O lugar onde vivo”. A coincidência foi tudo o que ela precisava para se dedicar ainda mais ao concurso e se destacar com seus versos em “O jardim da vida”.

Mariana, que estuda na Escola Municipal Lucival Costa, uma das unidades de ensino que tem professores contemplados com o projeto Educação Continuada, uma das iniciativas do pilar Bracell Educação, não esconde o amor que sente pelo lugar onde mora: a comunidade rural de Moita Redonda. “Aqui não tem trânsito, não tem praia, mas tem muitas pessoas, tem flores, é calmo, silencioso, aconchegante e eu fico lá no cantinho escrevendo”, diz a garota, que usou o cenário bucólico como inspiração para os versos. E tudo com uma pitada de imaginação. Afinal, a realidade é um caminho para a inventividade. “Tudo o que eu faço vem da minha imaginação”, conta.

E incentivos para aguçar a imaginação não faltam. Rejane, mãe de Mariana, foi a primeira responsável por apresentá-la aos livros. “Ela lia histórias para mim desde quando era pequena”, afirma a garota, que logo depois começou a ler os livros de Monteiro Lobato, ídolo inicial na literatura. Nos dois últimos anos, um ídolo mais próximo ganhou destaque na vida da menina: a professora Aparecida Guimarães, que adora literatura e estimula seus alunos a fazerem o mesmo.

Carinhosamente chamada de “Pró Cida” pelos alunos, a educadora diz que tem orgulho de Mariana e revelou que seus alunos têm apresentado uma notável melhoria na qualidade do texto, desde que os professores começaram a aplicar as técnicas compartilhadas nas formações do programa da Bracell. “Aprendemos mais sobre como trabalhar em sala de aula, como fazer as correções, a produzir textos e isso eu venho trazendo desde o início do ano letivo”, diz.

E o resultado não poderia ser mais gratificante: “Os alunos passaram a gostar mais de ler não só poesia, mas também outros tipos de textos, na escola e em casa. No meu aniversário e no Dia do Professor, recebi várias poesias feitas pelos alunos”, comemora a educadora. “A Pró Cida ajudou muito. Tudo o que a gente não entendia de poemas, ela tirava nossas dúvidas. Ela leu diversas poesias. Ela é uma pró excelente”, destaca Mariana, lembrando de sua participação na Olimpíada de Língua Portuguesa. “Foi enorme a emoção de ser escolhida. Só faltei chorar de alegria”, diz.

Apesar do esforço e dedicação, Mariana não conquistou a vaga na etapa estadual para ir à final nacional da Olimpíada, mas isso não a abateu. Pelo contrário, ela mostrou que a resiliência é outra das suas virtudes: “O que importa não é ganhar; importante é a aprendizagem”. Para incentivar ainda mais outros garotos e garotas no caminho na leitura, a poetisa mirim aconselha: “Eu diria que ler é a melhor coisa que existe. A pessoa vai para outro mundo, imagina muitas coisas”. *Matéria publicada originalmente no Portal A Tarde. /  Fotos: Acervo Bracell

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