Estão sendo cumpridos mandados em São
Paulo, Santos e Campo Limpo
A Polícia Federal deflagrou nesta
quinta-feira (8), a Operação Armistício, a primeira fase ostensiva da
investigação sobre um suposto pagamento de R$ 4 milhões ao senador Romero Jucá
(MDB-RR), em 2012, por parte do Grupo Odebrecht, como contrapartida à atuação
do parlamentar para a edição de uma resolução no Senado destinada a restringir
a "guerra dos Portos", de interesse da Braskem, braço petroquímico do
grupo.
São cumpridos nesta manhã nove
mandados de busca e apreensão, sendo sete na capital de São Paulo, um em Santos
(SP) e um em Campo Limpo Paulista. Não houve busca e apreensão no Senado
Federal nem a endereços do próprio Jucá. Os endereços são de pessoas que
orbitaram no cenário do suposto pagamento dos valores, como doleiros e
operadores.
As medidas foram aprovadas pelo Ministro Edson Fachin, relator
deste que é um dos inquéritos abertos em abril de 2017 com base nas 77 delações
do Grupo Odebrecht.
Os
delatores Claudio Melo Filho - então diretor de relações institucionais da
Odebrecht -, Carlos Fadigas e Marcelo Odebrecht mencionaram a atuação de Jucá
quando firmaram suas colaborações premiadas, baseando a abertura da
investigação.
Delação
A resolução unificou as alíquotas do ICMS para acabar com a disputa fiscal
entre os Estados para aumentar os desembarques em seus portos. Melo Filho, que
disse ter conduzido as negociações com Jucá sobre a matéria, disse que o
senador, por ter sido "líder de vários governos", era enxergado pela
empresa como "a porta de entrada" para a defesa dos interesses da
empresa no Senado. Após a aprovação da resolução, porém, Jucá teria solicitado
o pagamento pedindo ajuda para o processo eleitoral.
O
diretor também disse acreditar que Jucá não era apenas uma liderança política
do MDB, mas que ele "concentrava a arrecadação e distribuição dos recursos
destinados ao partido", e atuava em parceria com os senadores Renan
Calheiros (MDB-AL) e Eunício Oliveira (MDB-CE).
Segundo
relatos, a preferência dada a Jucá na interlocução sobre a guerra dos portos
deixou um outro parlamentar "chateado": o então senador Delcídio
Amaral (ex-PT-MS). Ele teria procurado interlocutores na Odebrecht para
entender por que não havia sido "contemplado na discussão". Após o
movimento, Delcídio teria recebido um pagamento de R$ 500 mil.
A
reportagem ainda não conseguiu manter contato com os citados. O espaço está
aberto para as manifestações. [correio /
reprodução]